POLTRONA BARCELONA: DO REI AO PÚBLICO

Hoje vamos apresentar a cadeira ou poltrona Barcelona. Um ícone da modernidade do séc. XX, projetada pelo arquiteto Mies van der Rohe e pela designer Lilly Reich, para a exposição universal de 1929, em Barcelona (aí o nome).

A poltrona foi encomendada à equipe do arquiteto alemão, assim como o projeto do pavilhão (que merecerá um outro post mais para frente).  Ela deveria ser uma cadeira que fosse planejada para receber os reis da espanha durante a abertura da Exposição. Por isto não poderia ser uma cadeira simples. Foi então que os projetistas planejaram referências simbólicas da cadeira aos mobiliários antigos, em especial um tipo de assento romano chamado de cadeira Curule, que era um símbolo de poder político e militar deste os tempos antigos até o período napoleônico. 

A cadeira Curule (como ilustram as imagens em anexo) caracterizava-se por uma estrutura de base em forma de X, o que permitiu criações posteriores com adaptações deste sistema, de modo que fossem projetadas cadeiras dobráveis. E foi exatamente este sistema em forma de X, adaptado a um novo material (as barras chatas industrializadas), é que foram utilizadas pelos criadores da cadeira Barcelona.

Esta poltrona ainda recebe almofadões em couro (as originais foram projetadas em pele de porco cor de marfim), que são costurados em botonês (técnica de estofamento em que o encontro dos pontos são marcados por botões, e estas pregas geradas podem formar desenhos geométricos, como os quadrados típicos do encosto da poltrona). Estas almofadas são dispostas sobre a estrutura de barras chatas, através de persintas de couro (um sistema muito similar ao utilizado por estofados ainda hoje, mas que nos sofás, por exemplo, ficam ocultas, e na poltrona é exposta como um elemento compositivo).

Existem variações da poltrona para uma versão de dois lugares, um versão sem encosto (um espécie de puff), um banco, um couch (uma espécie de recamier, de divã) e um conjunto de mesa. 

A poltrona tornou-se símbolo do design moderno, que apesar de parecer bastante adaptada à produção industrializada, demonstra um apreço pela qualidade do fazer artesanal. O escritor Tom Wolfe, em seu livro “From Bauhaus to Our House” descreveu a cadeira como um “ideal platônico de cadeira”, sendo amplamente cobiçada pelo seu apelo estético.

Em poucas peças e sofisticação do desenho das antigas cadeiras Curule, o resultado é uma poltrona que a materialização de uma das premissas modernistas: “o menos é mais”.

E você, já se sentou em uma cadeira destas? Se sentiu confortável? Conte seu relato para nós em nossa página.