O CONDOMÍNIO DO SERIADO CHAVES. “La Vecindad del Chavo del Ocho”.

FOI SEM QUERER QUERENDO (FUE SIN QUERER QUERIENDO)…

A série Chaves, cujo título original é “El Chavo del ocho” (O menino do oito), foi veiculada na TV na década de 1970, mas até hoje é um clássico nas televisões da América Latina – “Clásico sin tiempo de la TV”. Quem nunca chegou em casa e assistiu um Chaves (El Chavo) para relaxar e dar umas boas e inocentes risadas?

-Isso, isso, isso, isso (Eso, eso, eso, eso)!

O programa “Chaves” (El Chavo del 8), foi protagonizado, criado e dirigido por Roberto Gómez Bolaños (O próprio Chaves). Era a história de um menino órfão e muito pobre, que vivia em uma vila, que concentrava todas as discussões dos personagens.

– Cale-se, cale-se, cale-se, senão você me deixa louco! (¡Aaaay, ya cállate, cállate, cállate que me desesperas!)

Chaves (El Chavo), que na tradução literal seria moleque, era um menino que representava uma criança sonhadora, que deseja muito uma família carinhosa, uma amizade e a solidariedade do próximo. Um modo muito delicado e sutil de falar sobre sentimentos tão humanos, que muitas vezes, ao olhar o próximo, seja ele nas nossas cidades e ruas ou até mesmo em nossa vizinhança, fazemos de conta não percebermos. Ele personificava os marginalizados, ao mesmo tempo que representava o medo, a solidão e o desprezo.

– Tá bom, mas não se irrite! (Bueno, pero no se enoje/no te enojes).

Estes disfarces de atores adultos, vestidos de crianças, apenas ressaltavam problemas que muitas vezes fechamos os olhos para não percebermos. Quantas vezes assistíamos ao programa e nem sequer tomávamos consciência de tantos assuntos que circundavam os episódios?

– Não vai com a minha cara? (¿No me simpatizas?)

Cada personagem tinha um modo de expressão e uma personalidade distinta que condicionava as interações entre eles. Assim como Chaves era um menino ingênuo, a Chiquinha era a líder, enquanto o Quico era o mais caprichoso, mimado e egoísta e, assim encenavam situações do dia a dia!

– Gentalha! Gentalha! (¡Chusma! ¡Chusma!)

A filmagem durou até 1980, mas os capítulos continuaram sendo exibidos repetidamente no Brasil até 2018, em canal aberto! Uma série que atravessou gerações por sua simplicidade, tanto dos personagens quanto do cenário!

– Pois é, pois é, pois é. (Fíjate, fíjate, fíjate).

onde a arquitetura se envolve com o seriado Chaves?

A Vila do Chaves (La Vila del Chavo 8) retrata um conjunto habitacional nos subúrbios da Cidade do México🇲🇽, onde Chaves e vários outros moram. A vila é propriedade de Sr. Barriga, que é o personagem mais rico, e é onde se passam a maioria dos episódios.

A Vila possui mais de 80 apartamentos, onde vivem 78 inquilinos de classe média baixa, sendo que, no pátio principal se passa a maioria dos episódios da série. É lá que fica o barril do Chaves e moram Dona Florinda, Seu Madruga, Quico, Chiquinha e Dona Clotilde (como vocês podem ver nas imagens em anexo)🔍.

O pátio central da Vila do Chaves era o cenário principal da série, mas ocasionalmente outros cenários apareciam em alguns episódios, como a Casa da Dona Florinda ou a escola. A cada capítulo se relatava diversas situações e diálogos da vida cotidiana que, além de divertidas, refletiam a realidade social de cada personagem. Essa realidade fez gerar um vínculo de identidade em muitos outros países, tanto que, em 1975 calcula-se que a série foi vista por mais de 350 milhões de telespectadores em cada semana, na América Latina. (Em 2014, o cenário da Vila do Chaves fez parte de uma exposição no Memorial da América Latina, em São Paulo, onde teve em média 40 mil visitantes).

O piso do pátio central (desenhado por Bolaños, o Chespirito, ou Chaves), em 1975 foi alterado de liso para um mosaico de cerâmicas quebradas e cinzentas e a iluminação e a qualidade de imagem mudam também. Este piso emaranhado, reforça os laços sociais entre os personagens, como um labirinto de relacionamentos.

A casa de Dona Florinda (mãe de Quico) é mostrada com certa frequência, é bem mobiliada, limpa e bonita, aparecendo apenas a sala de estar, a mesa e a geladeira (símbolo de riqueza, que contrastava com a miséria de Chaves), embora a cozinha não sendo apresentada.

– Vamos, tesouro, não se misture com essa gentalha! (Vámonos, tesoro, no te juntes con esa chusma!)

O personagem sr. Madruga (Don Ramón), teve seu nome traduzido para o português, pois acreditava-se que seria o nome mais apropriado ao seu perfil: um homem desempregado, preguiçoso, com uma cara boêmia, e, com desejo de querer muito viver uma vida sossegada, mesmo não conseguindo, por causa de sua vizinhança.

– Como se atreve a me acordar as 10h da madrugada? (¿Cómo se te ocurre despertarme a las 10 de la madrugada?)

Por fim, no início da série se pensava que a casa do Chaves, que era um menino órfão de oito anos, era o velho barril que ficava no pátio central, mas esse, era seu lugar de refúgio. Chaves tinha seu endereço fixo no apartamento de número oito, onde uma das vizinhas o acolhia. Por isto que em espanhol a série tem este nome.

– Pipipipipipi….

Enfim, arquitetonicamente pensando a série retrata a importância da promoção de espaços de convívio, como o pátio da série. Espaços públicos onde as diferenças se encontram, e as relações humanas podem ganhar mais valor.

👲🏻É, o Chaves (El Chavo) conquistou muitos admiradores… E você? Que lembranças teve deste programa de TV? Consegue descrever mentalmente o espaço?

👲🏻- É que me escapuliu! (¡Se me chispoteó!