Hoje nossa dica de reflexão é do cinema, com o filme Mon Oncle, estrelado e dirigido pelo cineasta francês Jacques Tati (1958).
O filme conta a história de uma família, composta por pai (Charles Arpel), mãe (Madame Arpel) e filho (Gerard Arpel), que frequentemente recebem a visita do tio do menino (irmão da mãe de Gerard – Monsieur Hulot). Charles Arpel, que mora com sua família em uma casa modernista, trabalha em uma fábrica que produz tubos de plástico, possui uma boa posição dentro da empresa, e tenta incluir o cunhado no rol de funcionários da indústria. Já Monsieur Hulot, mora em uma vila na periferia da cidade onde se passa a história, e tem um ótimo convívio com seus vizinhos.
A história se passa entre estes dois personagens e a relação que eles mantêm com o menino Gerard. O pai, numa postura mais autoritária, e um tanto quanto distante do filho, e o tio, muito próximo do sobrinho, porém sem os mesmos recursos que tanto o pai procura ostentar.
O filme se passa entre duas situações de cenário, a primeira na casa modernista da família e a segunda no vilarejo onde a casa do tio se encontra. Neste sentido, o cenário é tratado como se fosse um personagem, uma vez que as diferentes situações favorecem ou dificultam as relações interpessoais entre os protagonistas. Na casa modernista, a relação de distanciamento entre os personagens, dentre os quais destacam-se o senhor e a senhora Arpel, que vangloriam a casa pelos seus aspectos de modernidade: automação, decoração e organização. Como a própria Madame Arpel cita no filme: “Modulação! Esterelização!”, enaltecendo estas características típicas da arquitetura moderna, mas que aparecem criticadas pelo autor (Jacques Tati) de modo irônico ao longo de todo o filme.
Já no vilarejo, o que aparece destacado é o arranjo orgânico das casas, que ressaltam o aspecto vernacular da edificação, sem o planejamento modernista, onde o senhor Hulot mora e mantém suas relações de amizade com toda a vizinhança. O que indica a visão do diretor ao valorizar as relações interpessoais neste cenário.
Sob a análise filosófica, pode-se apontar as relações interpessoais que podem ser facilitadas pelo arranjo espacial, que curiosamente desenvolve-se melhor na vila não planejada do que na cidade e na casa moderna, como apresenta a premissa do filme.
E você? Já sentiu que o espaço interfere no seu relacionamento interpessoal?Já assistiu este filme? O que achou?