Um dos grandes desafios hoje é encontrar alimentos saudáveis, em especial para quem mora nos grandes centros urbanos. Pensar em como o seu alimento foi produzido, se está livre de agrotóxicos, se foi transportado em boas condições, armazenado corretamente entre a extração até a venda, são grandes perguntas que os consumidores fazem a si mesmo.
Neste contexto, surgiram algumas proposições para a inclusão de fazendas dentro do ambiente urbano, sejam em forma das chamadas fazendas urbanas ou as fazendas verticais.
As primeiras, já espalhadas em diversas cidades, apresentam soluções de ocupação espacial similares às hortas, quase sempre horizontalizadas e com diversas tecnologias de produção alimentar já conhecidas, como o uso da hidroponia (técnica de cultivar plantas sem solo, onde as raízes recebem uma solução nutritiva balanceada, que contém água e todos os nutrientes essenciais ao desenvolvimento da planta), aeroponia (técnica onde as plantas são suspensas no ar, geralmente apoiadas pelo colo das raízes, e aspergindo-as com uma névoa ou com uma massa de gotículas de solução nutritiva) e aquicultura (técnica que mescla a produção de plantas sobre a água que por sua vez mantém animais adaptados a este meio, e que produzem excreções, que são quebradas por bactéria em forma nutrientes, que, por sua vez são absorvidos pelas plantas, numa relação de simbiose, com vantagens para plantas e animais). Todas estas tecnologias visando o aumento da qualidade do alimento produzido, e reduzindo a utilização de pesticidas.
Já as fazendas verticais são soluções que alternam as tecnologias apresentadas acima à automatização e robotização da produção, já em ambientes controlados, e muitas vezes sem a disposição dos recursos naturais como a luz solar. Mas este será tema de outra postagem.
Concentremo-nos nas fazendas urbanas, que ocupam espaços abertos e que utilizam os recursos naturais: sol, chuva e vento. Nelas, a proposta é trazer à cidade, seja em coberturas dos edifícios, em praças ou em vazios urbanos, a produção de alimentos onde a participação do consumidor na cadeia produtiva esteja mais ativa. Desta forma, se compreende todas as etapas de produção dos alimentos, compreende-se o quão prejudicial são os desperdícios alimentares, além de se promover o consumo de alimentos livres de agrotóxicos. Tudo isto atendendo a alimentação saudável, um dos objetivos de Desenvolvimento Sustentável promovidos pela ONU, que possui como meta para 2030: “acabar com a forme, alcançar a segurança alimentar, melhoria da nutrição e promoção da agricultura sustentável”.
Entre as alternativas para estes espaços, estão o cultivo de plantas adaptadas à região, e que muitas vezes não são entendidas como fontes de alimentos, as chamadas PANCs (Plantas Alimentares não Convencionais), tema também de um próximo post. As PANCs, como são plantas de desenvolvimento espontâneo, são adaptadas às condições ambientais do lugar, e, portanto, não necessitam de grandes cuidados quanto a pragas e doenças, pois em geral são bastante resistentes. Alguns exemplos de PANC são: ora-pro-nobis (com alto teor de proteínas) e o Dente-de-leão (aquela florzinha amarela que quase sempre encontramos brotando nos gramados! Ela tem uma poderosa ação digestiva), entre outras.
Além disto, as fazendas urbanas podem promover a produção de plantas tipicamente encontradas em hortas, como leguminosas, verduras e muitos temperos.
Outros recursos bastante interessantes para serem mesclados às fazendas urbanas são: uso do espaço para captação da energia solar e eólica e uso de sistemas de captação de água da chuva (que pode ser aproveitada para as irrigações posteriores da produção de alimentos, sem grandes impactos aos sistemas de abastecimento da cidade).
A sensação de pertencimento e de engajamento com o lugar também é outra premissa das fazendas urbanas, uma vez que promovem o envolvimento dos consumidores na ação do plantio, cuidados e colheita.
Para a cidade, os benefícios também são muitos, pois o deslocamento do alimento até o ponto de consumo tende a reduzir, além de promover espaços que auxiliam na regulação do microclima das cidades (reduzindo as áreas de asfalto, calçamento, telhados e superfícies de concreto, que por si só também afetam nas temperaturas das cidades).
E você, já plantou seu alimento? Já pensou em ter um espaço para produzi-lo dentro das cidades? Deixe seu relato em nossa página!